pernoito no interior do corpo desarrumado o medo invade o penumbroso corredor descubro uma cintilação de água no estuque uma cicatriz de cristais de bolor abre-se porosa ao contacto dos dedos indica que não haverá esquecimento ou brisa para limpar o tempo imemorial da casa
deste simulado sono ficou-lhe o amargo iodo as madeiras enceradas cobertas de poeira ervas secas à chuva molhos de rosmaninho junquilhos, bocas de lobo silenas, trevo mas nenhuma fuga foi recomeçada a infância permanece triste onde a abandonei quase não vive no entanto ouço-a respirar dentro de mim
agora tudo é diferente recomeço a viver a partir do vazio da treva dos dias em silêncio por entre a pele e um feixe de magnificas veias sinto o pássaro da velhice arrastando as asas
onde desenvolve o calmo voo lunar
enumero cuidadosamente os objectos, classifico-os por tamanhos por texturas, por funções quero deixar tudo arrumado quando a loucura vier da extremidade aguçada do corpo alado e o rosto for devassado por um estilhaço de asa
então a vida abater-se-á sobre a folha de papel onde verso a verso me ilumino e me desgasto.
E querem saber mesmo como eu me sinto ? Como aquele triangulozinho verde que está reclinado num pentágono amarelado no centro deste quadro do Paul Klee :
Eu estava para escolher um quadro do Bosch para me "localizar"...podes imaginar qual quadro...assim Klee deixa mais lugar para a imaginação... ...bem grande o quadradinho...tipo T3...na economia da pintura...e no meu desperdício de três pontinhos... ( mais três !!!)
Reflexo condicionado : há quem corra para os chocolates - eu vou até à Bertrand Dolce Vita...embora às vezes me apetecesse borrar as mãos de chocolate e ir para a Bertrand ver livros sem lavar as mãos, claro...uma dose reforçada de sublimação e compensações...
You're the night, Lilah
a little girl lost in the woods
you're a folktale
the unexplainable
you're a bedtime story
the one that keeps the curtains closed
4 comments:
Vigílias (Al Berto)
pernoito
no interior do corpo desarrumado
o medo invade o penumbroso corredor
descubro uma cintilação de água no estuque
uma cicatriz de cristais de bolor abre-se
porosa ao contacto dos dedos indica
que não haverá esquecimento ou brisa
para limpar o tempo imemorial da casa
deste simulado sono ficou-lhe o amargo iodo
as madeiras enceradas cobertas de poeira
ervas secas à chuva molhos de rosmaninho
junquilhos, bocas de lobo silenas, trevo
mas nenhuma fuga foi recomeçada
a infância permanece triste onde a abandonei
quase não vive
no entanto ouço-a respirar dentro de mim
agora tudo é diferente
recomeço a viver a partir do vazio
da treva dos dias em silêncio
por entre a pele e um feixe de magnificas veias
sinto o pássaro da velhice arrastando as asas
onde desenvolve o calmo voo lunar
enumero cuidadosamente os objectos, classifico-os
por tamanhos por texturas, por funções
quero deixar tudo arrumado quando a loucura vier
da extremidade aguçada do corpo alado
e o rosto for devassado por um estilhaço de asa
então a vida abater-se-á sobre a folha de papel
onde verso a verso
me ilumino e me desgasto.
E querem saber mesmo como eu me sinto ?
Como aquele triangulozinho verde que está reclinado num pentágono amarelado no centro deste quadro do Paul Klee :
http://www.railaway.ch/image/kultur/2005/klee.jpg
eu serei o quadrado laranja ligeiramente à esquerda... abaixo
Eu estava para escolher um quadro do Bosch para me "localizar"...podes imaginar qual quadro...assim Klee deixa mais lugar para a imaginação...
...bem grande o quadradinho...tipo T3...na economia da pintura...e no meu desperdício de três pontinhos... ( mais três !!!)
Reflexo condicionado : há quem corra para os chocolates - eu vou até à Bertrand Dolce Vita...embora às vezes me apetecesse borrar as mãos de chocolate e ir para a Bertrand ver livros sem lavar as mãos, claro...uma dose reforçada de sublimação e compensações...
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