Afinal ainda por aqui restavam lendas vivas do universo áudio. Bem sabia que as tinha para aqui, algures enfiadas no baú de verga, escondidas por baixo do kimono que usei nos meus 16 anos quando me aventurei pelas artes marcias (isto até um jovem de quase 2 metros me ter deixado com uma violenta lesão na coluna torácica que me destruiu todos as ilusões e expectativas acerca de um possível futuro como judoca).
Pois bem , posso afirmar que ainda sou do tempo da cassete. Ou melhor, da transição para o compact disc. A minha primeira cassete (na verdade não era bem minha) foi um Best Of dos Abba oferecido pelo meu pai à minha mãe, quiçá para relembrarem a primeira vez que deram um beijo ou que passearam de mãos dadas ou outras coisas que nunca existiram mesmo, pois, afinal, os pais são assexuados. Tanto eu massacrei os meus ouvidos, vezes e vezes sem conta, a ensaiar coreografias ao som de Chiquitita ou da saudosa The winner takes it all. Sei ainda as letras de cor. Certamente que, desse tempo, restaram mazelas (potencialmente graves) e quem sabe se hoje em dia não seria uma pessoa completamente diferente se a cassete dos Abba nunca me tivesse vindo parar à mãos. De qualquer forma, acredito que me traumatizei de forma crónica ao longo de bastante tempo, já que os exemplos que se seguiram não foram melhores. Chegaram-me a oferecer o These Days dos Bon Jovi (objecto particular da minha total não afeição), e acho que tive o Now 1 ou coisa parecida também no formato da fitinha negra. Ah ... e Roxette: eu tive o Best Of dos Roxette em cassete (por acaso conheço que tenha em vinil, mas isso é outra história). Depois, um dia, cheia de dinheiro e atraída pelos tentáculos maléficos do ROCK, decidi ir à Worten de Coimbra (que tinha acabado de abrir e era uma coisa poderosa aos olhos de uma jovem que tinha como referência os best of das piores bandas de sempre à face da Terra) e dei, (ainda me lembro) na altura, 3900 escudos pelo Melancolie and the Infinite Sadness dos Smashing Pumpkins. O resto ... é música.
4 comments:
god will forgive you my child :P
(well, so they say ;))
(o infinite sadness, é um álbum fantástico para 'abrir os olhos'. pena que depois desse eles não fizessem mais nenhum de jeito. uns anos antes, o siamese dream amassou-me completamente o peito...)
you and I know what?!
Lembro-me de comprar o " Innuendo " dos Queen em cassete. Quando passei as minhas k7´s para o sótão, até me partiram o coração.
Agora deixaste-me nostágica das longas tardes passadas na minha infância a gravar programas de rádio que levava depois comigo na carrinha da escola, para ouvir no meu fiel companheiro, o Walkman :)
Beijinhos!
Off-post: vi ontem "A ciência dos sonhos". É magnífico. Tinhas toda a razão ;)
Post a Comment