Thursday, September 06, 2007

Ping-Pong


Eu ando absolutamente estupefacta com a forma como os diversos assuntos são tratados na valeta do beco sujo que é o Ministério da Educação, que é como quem diz, no balcão de atendimento de uma qualquer secretaria geral, ou na fila de espera de uns Assuntos Administrativos, ou na cadeira de tortura de um Conselho Pedagógio ... locais comuns para quem quer tratar de qualquer assunto, burocrático ou não, relacionado com o seu percurso académico. Ora, no meio de tudo isto há muito boa gente, ocupantes de cargos elevados ou nem por isso, que adora jogar ping-pong. O desporto oficial do Ministério da Educação só pode ser o ping-pong. Fica sempre bem jogar uma partidinha ao final da tarde, com um elegante Dry Martini ou uma refrescante cervejinha na mão (porque nem todos têm a sorte de escrever Excelentíssimo Senhor Doutor antes do nome). Ora, eu sou uma bola de Ping-Pong. Descobri-o hoje, a meio caminho entre a Secretaria Geral e os Serviços Académicos, o Conselho Pedagógico e os Serviços de Acção Social, o Gabinete das Propinas e o Gabinete de Serviços Administrativos, às tantas passei de bola de ping-pong a barata tonta, e já perdia o tino ao caminho. Em todo o lado a mesma lenga-lenga: O que me diz é gravíssimo. Ah pois é! Gravíssimo meus solenes senhores e honoráveis senhoras. GRAVÍSSIMO! E a responsabilidade deve ser contagiosa, já que ninguém dela se quer ocupar. E a única grande prejudicada sou eu, Catarina Bola de Ping Pong, pouco respeitada aluna da vossa universidade que paga propinas para que os senhores (e senhoras, não esquecer) cometam os tais erros GRAVÍSSIMOS, com repercussões GRAVÍSSIMAS no percurso curricular da aluna. Que tem o direito a ser recompensada pelo que já não tem retorno e que, para usufruir de tal benesse, tem que andar novamente de um lado para o outro, tirar senhas, esperar em filas, contar a mesma história vezes e vezes sem conta, ouvir o já banalizado GRAVÍSSIMO, receber instruções para enviar mais e mais requerimentos para tudo e mais alguma coisa e esperar deferimento, grata pela atenção e respeitosamente: Catarina Costa. Esperar. E ainda pagar por cada letrinha que consta dos tais requerimentos que parecem ser de importância vital na resolução do assunto. Já me foi dito que isto é caso para exposição pública. Que deveria, e perdoem-me o embrulho adocicado da língua, botar a boca no trombone. Para isso é que servem os meios de comunicação. Contudo, a prudência adverte-me que, agindo na tepidez do impulso, era bem capaz de ver a minha vida académica ... como dizer ... dificultada. Era bem capaz de nunca mais conseguir acabar o curso. Por uma negligência que me é absolutamente alheia, pelas consequências que acarreta, pela exaustão de ter que ser eu, ainda por cima, a ter que mendigar atenção e compreensão para o assunto. De ter que ser eu, basicamente, a remediar a vossa asneira. Isto, (perdoem-me a repetição) digníssimos senhores e senhoras, isto sim é gravíssimo.

2 comments:

Maria del Sol said...

Imagino que este desbafo seja a explicação da "rota de colisão" anunciada mais abaixo. Sei que isto não alivia minimamente quem está a viver a situação, mas senti um curioso "déja vu" perante o caos burocrático instalado, pelo que deduzo que a incompetência dos serviços académicos é igual em todas as faculdades do país.
Desejo-te paciência e força para que tudo seja resolvido a tempo :)

Caty said...

Paciência ... muita paciência. Enfim ... o mal está feito e não pode ser reparado. Agora há que exigir as mínimas indeminizações possíveis.
Obrigado Maria :)