O grupo de patos de borracha que, à 11 anos, naufragou durante uma tempestade, quando seguia caminho da China para Seattle, pode-se gabar de já ter conhecido meio mundo. E nem os anos passados congelados na zona do Estreito de Bering o demoveu do seu propósito de alcançar, um dia, terra sequinha. Exaustos da viagem, devem já à muito ter perdido a habitual cor amarela e devem-se agora apresentar acentuadamente pálidos, diria mesmo esbranquiçados. Necessitam de carinho e de uma cama quentinha para poderem repousar do mais longo passeio das suas vidas.
Parece que podem mesmo dar à costa portuguesa daqui a pouco tempo. Estima-se que cada um valha a módica quantia de 73 euros, o que, para um pato de borracha, representa uma valorização muito acima da média e deve constituir, certamente, motivo de orgulho. Eu, se tiver a sorte de apanhar um, recuso-me terminantemente a o vender. Já me apeguei ao bicho mesmo antes de ele me chegar às mãos e não sabendo sequer se algum dia vai chegar. Já lhe dei nome e tudo.
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