Monday, October 08, 2007

Stabat Mater

.
O teatro da capital subiu à pequena cidade, e os Artistas Unidos trouxeram na bagagem a última peça escrita por António Tarantino e encenada por Jorge Silva Melo, Stabat Mater. Em boa hora o fizeram, em 3 noites com lotação esgotada para matar o bichinho da curiosidade em relação à interpretação de Maria João Luís, a qual lhe valeu o Prémio da Crítica 2006 da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
Stabat Mater significa "estava a mãe", e corresponde às duas primeiras palavras do hino Mariano, a partir de um poema medieval, que descreve a angústia da Virgem Maria durante a crucifixão.
É-nos apresentada, em monólogo e na primeira pessoa, a história de Maria, uma mulher da vida na tradução literal da expressão, uma ex-prostituta à procura do filho desaparecido. Uma mulher rude com uma linguagem despudorada que não se coibe de dizer asneiras como se fosse recorrente desde a infância, natural como beber um copo de água. Maria é uma mulher fria, semi-abandonada por um homem casado que só a procura para recorrer aos mesmos serviços que a levaram a engravidar anos atrás. Sofredora e marginalizada, revoltada por um ódio amargo contra a sociedade, Maria deu tudo o que tinha e não tinha ao único filho, ao qual dedicou a sua miserável vida, que perdeu o sentido na angústia da sua ausência.
A interpretação de Maria João Luís é, de facto, portentosa. Na rapidez da sua respiração perdemos a nossa, e no final assombra-nos o mais temível e mesquinho dos sentimentos em relação a Maria: a pena.
A peça está neste momento a ser apresentada no Rio de Janeiro mas, nos dias 12 e 13 de Outubro vai estar no Teatro Viriato em Viseu, passando depois por Faro, loulé e Portalegre.
Imperdível.

2 comments:

Maria del Sol said...

Eu estou na capital e perdi :( Se cá voltar já não penso duas vezes em ir ver.

Baci*

Caty said...

A sério não percas. A Maria João Luís é magnífica.
Beijinho grande.