Sunday, September 23, 2007

Gimme back the 80s


É certo que eu adoro os anos 80. É certo que em uma década se concentrou do melhor e do pior, do mais fabuloso e do mais piroso do século XX. O que me fascina é talvez o facto de ter sido uma década de tamanhos contrastes, onde pouco espaço restava para o meio termo e tudo era polarizado ao extremo, fosse ele 8 ou 80. Foi uma época em que só foi alguém quer se soube definir ao limite. É uma forma de extravagância que deixa marcas. Para o bem e para o mal, para o melhor e para o pior. As tendências musicais mudavam de ano para ano, e não houve um estilo musical predominante, ainda que muito associem os 80s ao disco sound. Injustamente redutor. Eu que até vibro de uma forma estranhamente entusiasmada com o disco sound. Mais do que uma década de decadência remanescente das cinzas do punk, foi também a época do resgate do puro rock, com bandas como os Smiths, os REM ou os U2. Como eu li aqui à uns dias, foram tempos de fermentação para que tudo o que hoje existe pudesse ter lugar. Há sempre eventos que mais vale esquecer, como por exemplo a breve carreira (longa demais, apesar de tudo) do trash metal, speed metal, black metal e do rock violento, que acabou por atingir o Norte da Europa muitos anos depois e que vigora nesses países até hoje. Lamentável, indubitavelmente. Mas foi também o tempo da Factory Records de Tony Wilson que trouxe ao mundo os Joy Division, Happy Mondays, New Order. De artistas como os Devo, Pet Shop Boys, Talking Heads, Blondie, Ecco & the Bunnymen, The Cure, The Jesus and Mary Chain, Beastie Boys, Brian Ferry, David Bowie, Depeche Mode, The Police, algumas delas nascidas nos anos 70 e cimentadas na década seguinte. Aqui nasceu a música electrónica com as pistas de dança e as primeiras raves. Instalou-se também aqui o berço do hip hop. Eu gostava de lá ter passado com plena consciência do facto, mas não, andava de fraldas de pano prendidas por alfinetes e contribuía, activa e diariamente, para deixar os meus dois dentes da frente eternamente tortos de tanto amor que tinha à chupeta. Não fosse o meu pai usar o truque da pimenta e ainda hoje a usava para todo o lado.

1 comment:

Maria del Sol said...

Quem passou pelos 80s com a idade com que nos passámos, a única parte musical da década de que se lembra perfeitamente é do Vitinho :P