Saturday, September 01, 2007

Bicho do Mato

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Há alturas em que quero ser deixada em paz. Não quero ver ninguém e não preciso de um ombro amigo. Sempre fui a pessoa mais solitária que conheço. Solitária, não sozinha. Basto-me a mim própria e convivo pacificamente com a minha solidão. Com o tempo, eu e ela criámos laços de amizade. Hoje não sei se sobreviveria sem ela.
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4 comments:

J. said...

CITAÇÃO ( a palavra do Sr. Sam Tanenhaus in : Literature Unbound - A Guide For The Common Reader ) : " But when every word and gesture is saturated with implied meaning the only relief is silence. One must be an impostor to get along with others. [...] Proust maintained that our real life unfolds in the secret recesses of the mind. And Saul Bellow suggested that social forces conspire against the "person". Both point to the existence of another self, possessed by us all, which [...] is enthralled by a misanthropic wish to terminate the social nexus. "

Maria del Sol said...

Clichês artísticos à parte, a solidão é verdadeiramente uma bolha de oxigénio num mundo onde nos são impostas centenas de presenças indesejadas, físicas ou virtuais, durante todo o tempo útil que temos à nossa disposição.
Como manter a sanidade mental quando não há espaço sequer para cultivar essa entidade a que se chama "mente", que existe dentro de cada pessoa? Mais angustiante que estar só é descobrir que, nos raros instantes em que não há ruído de fundo, só existe o vazio interior.

Aprender a amar esse espaço é, hoje em dia, um privilégio compreendido por poucos, e é por isso que gostei tanto do teu post :)

Caty said...

... "a misanthropic wish to terminate the social nexus. " ...

Penso que diz tudo Mister B.

Caty said...

Eu sou filha única e sempre fui muito solitária, e se não tivesse cultivado uma certa simbiose com o espaço dentro da bolha, então, estaria insane à já muito tempo.

Oh Maria ... disseste tudo :)