Monday, April 09, 2007

Na época dos coelhos


E lá se passou mais uma Páscoa na Santa Paz do Senhor, que isto de festas religiosas há que vivê-las in loco nas aldeias deste país, onde tudo é mais genuíno e a chouriça cheira mesmo à chouriça e não àquelas mistelas plastificadas que se vendem nos supermercados. Como eu não vou muito à bola com chouriços ou enchidos, fiquei-me pelas couves e cenouras. Daquelas que se cultivam e apanham da terra directamente para a panela e daí para a mesa. Até sabem melhor. Há que compactuar com os rituais que ainda se mantém vivos em certos locais por estas alturas ( avé avé São Joaninho, onde todos são uma grande família, curiosamente a minha, já que todos me tratam por filha e estão inquietinhos por me ver formada e a fazer essas coisas que os doutores lá fazem). Por exemplo, o beijar da cruz e o correr as freguesias, de olho desavergonhado no chamado folar da Páscoa, que de comestível tem muito pouco. Lá me disse a minha madrinha ... que tem muito pesar em não me querer casar, mas que hoje em dia os jovens são assim, pensando bem mais vale mesmo amantizar, que é como quem diz juntar os trapinhos, assim a modos que se a coisa corre mal vai cada um para seu lado e não há cá complicações. Mas já que não lhe dou a alegria de me fazer o enxoval, ao menos, este ano, não vou sem o folar, e lá vêm de encomenda mais umas sapatilhas made in USA, ainda que lhe dê uma peninha o facto de não usar os sapatinhos e sandalinhas de senhora que ficam tão bem às moças da minha idade. Ela compreende que, no fundo, eu sempre fui meio arrapazada, ainda que, repito, lhe seja causa de um certo desgosto.

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