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Os dois tínhamos vindo do interior e fumado
os primeiros charros em garagens a cheirar a óleo
e a vinho azedo. O ar do atlântico que entrava pela avenida
era uma aventura, as casas faziam uma roda para proteger
a nossa inépcia. E na altura em que prendemos as mãos
nas águas fundas sobre a mesa e prometemos
que havíamos de ser sempre assim, como sabíamos
tão pouco ainda das regras naturais e do espaço sem luz
que já ameaçava essa promessa. De noite era onde fermentavam
as canções, e nós podíamos abrir uma garrafa de champanhe
na Praça da República, até parecia que nunca mais voltaríamos
a estar sós.
"Our Darkness", Rui Pires Cabral
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Para o António. Porque nunca mais me deixou voltar a estar só.
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