Recordo um amigável têt-a-têt envolvendo duas pessoas ambas alvo do meu grande apreço, acerca da época festiva que, é escusado tentar ignorar, de facto atravessamos. Nos blá blá blás do costume, um explicava as razões porque gostava do Natal, enquanto o outro tentava expressar o porquê de esta altura do ano não ser motivo de sua particular afeição, à medida que o novelo dos argumentos se ia desfazendo e fazia pender a balança ora para um lado, ora para o outro. O consumismo exacerbado e a descarada hipocrisia em contraponto à apreciada reunião familiar e às ruas deliciosamente iluminadas. Nenhuma novidade, portanto, algo continua e continuará sempre a cheirar mal no reino da Dinamarca, e para o ano há mais para quem lá tiver a sorte de chegar. O Natal é daqueles fenómenos que, ame-se ou odeie-se, difícil mesmo é ficar-lhe indiferente. Seja pelas enormes filas de trânsito ao fim-de-semana às portas dos centros comerciais, seja pelas hordes de formigas tontas, apressadas e notoriamente desorientadas que enchem as ruas e se atropelam de modo violento com ar de muito poucos amigos, ou mesmo pelas irritantes músicas natalícias com que nós, comuns e inocentes mortais, somos bombardeados onde quer que vamos. E é precisamente a propósitos destas melodias ditas festivas que me detenho numa recordação recentemente partilhada em amena conversa, recordação essa que remonta à adolescência, teria eu os meus 15 ou 16 anos. Nesse ano apareceu lá em casa um cd com músicas de Natal oferecido pela revista Nova Gente, que incluía as eternas melodias típicas da quadra, mas digamos “dobradas” em português, nem sempre com grande fidelidade, mas enfim, não é assunto que me preocupe. Contudo, o facto é que o tal abominável cd tocou tantas, mas tantas vezes naquele Natal, diria mesmo que era um massacre diário várias vezes ao dia, o que numa jovem cuja personalidade se encontrava ainda em construção pode provocar sérios danos, diria mesmo irreparáveis. A verdade é que ganhei tal aversão às canções natalícias que, apesar de tolerar bem esta época, valha-me Deus, as musiquinhas me continuam a causar impressão. Lembro-me na perfeição que o disco começava com o Adeste Fidelis, razão talvez pela qual esta é música objecto de um pequeno ódio muito particular. Nesse ano saiu também um cd da Caras com a mesma temática. Desconfio mesmo que tudo o quanto é revista de actualidades do país, nesse ano, lançou o seu próprio cd de Natal, sabe-se lá quantas criancinhas e jovens da altura ainda hoje se encontram profundamente traumatizadas com o evento. Constituirão, talvez, uma fracção dos que abominam o Natal.
Este ano, para me tornar a quadra menos penosa, o senhor Sufjan Stevens lançou um álbum com uma carrada de cds lá dentro, recheados de agradáveis pequenas surpresas que não deixam, contudo, de se centrar na época do Natal. Já que temos de passar por ela, ao menos que encontremos uma forma o menos penosa possível de o fazer.
Como tal, aqui fica o meu cd de Natal. Pode tocar mais do que uma vez sem correr grande risco de enjoar, e o melhor de tudo, não deixa mazelas que o tempo não possa curar.
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Sufjan Stevens : Songs for Christmas
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2 comments:
eu estou fora um dia e tu fazes isto tudo?!?!
então vamos lá... cá em casa todos manda beijinhos para a menina. já dei o recado dos pastéis de batata doce à minha mãe (tu pediste dois, és capaz de receber duas dúzias). a minha irmã continua com a mesma opinião a teu respeito. o meu pai continua a ser e cada vez mais o maior palhaço à superficie da terra. o fábio está com um cabelo fabuloso, kele que se ponha a fino, porque o meu baixista está imenso. noticias tristes... a mulher camaleão foi para a alemanha, logo não te sei informar do número de piercings e da cor do cabelo, e como corre a faculdade... estou desolada e eu a pensar que me ia divertir tanto! o meu irmão está a dormir comigo e é assustador! o simão continua a tentar mostrar a sua posição de macho alfa da região. o tótó (tu não conheces este) é o papagaio continua na mesma. elas mudaram o meu quarto e eu sinto-me perdida. a minha tia chega hoje... veremos. não encontrei o raio das sapatilhas só estive meia hora em lisboa. mas todos manda beijinhos e papai e maezinha perguntaram quando é que a menina volta (como disse o ivan) à terra mentirosa. ouse aquela coisa do... ah tens cá um cafofinho ás ordens e bla bla bla e a minha mae vai lá levar comida e doces quando estamos a dormir continua a ser tudo verdade desde que ninguem lhe volta a aparecer em boxers à frente.
Nice Blog, some interesting info and thoughts, a bit radical for me at times but thats ok.
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