Foi hoje o dia em que, para mim, o Verão findou. Sem saudades nem lamentos, pois sempre me senti melhor enquadrada na melancolia dos dias que estão prestes a chegar. Temo que seja irredutível a minha queda para os dias das ruas atapetadas de folhas caídas, jorradas aos pés. Já tentei inverter a tendência mais que uma vez, e, infortúnio dos infortúnios, suspeito que me corra no sangue...
 
Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
Eugénio de Andrade
 
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