Sunday, January 01, 2006

O meu mundo...


Sim... eu tenho um mundinho. Eu vivo num mundinho. Um mundinho só meu. Raras vezes o partilho e muito poucos o conhecem. Quem já o viu só diz: «Olha que quem te vê nem diria». Quando eu falo em mundinho falo realmente de uma coisa só minha. Eu faço filmes. Na minha cabeça, eu estou sempre a fazer filmes. Constantemente. A qualquer hora. Sozinha. Acompanhada. No meio de uma multidão. «Catarina... estás-me a ouvir??? Catarina...». «Hem??? O quê? Quem? Onde?» «Em que mundo é que estás?» Ora aí está... no meu mundinho. O meu mundinho é muito parecido com o conceito deste blog... folk-romântico. Às vezes tenho impressão que o meu mundinho é tão diferente do mundo dos outros que mais vale ficar calada... Cega, surda e muda. Privação total de sentidos. O meu mundo... O meu mundo é feito de música. Sem música o meu mundo morre, kaput!!! Nem sequer desse modo faz sentido existir. No meu mundo há imagens. Infinitas. Muito rápidas, difíceis de apanhar na maior parte das vezes. Humphrey Boggart... candeeiros de lava... Bart Simpson... borras de café daquelas que ficam no fundo da chávena. Tenho a certeza que, de uma qualquer forma estranha, tudo isto se conjuga e temos uma coisa lógica. Nem sempre o meu mundo tem lógica, mas eu gosto dele assim. Folk? Em muita coisa. Nos sons, nas cores, no modo como se toca nas coisas, na pele. Romântico??? Quando me ponho a ouvir Khonnor. Ou Antony. Ou Coco Rosie. Ou Coleen. Ou... Ou... «Ah sim... essa tua música depressiva...». Eu bem disse que ele é diferente dos outros. Não é depressiva. Pelo menos não é só depressiva. É terapêutica de certa forma. Será que eles não percebem que existe algo de terrivelmente belo no que é depressivo? Ah vá lá... Há quem se dê bem com o que é depressivo. E eu não sou uma pessoa depressiva. Não sou. Mas que existe um prazer masoquista em passar por algum sofrimento... ah... não me venham com histórias, que ele existe, pelo menos no meu mundo. Uma amiga costuma-me perguntar:«Porque é que teimas em te martirizar?». É uma pergunta retórica, não é ? No fundo, no fundo, o teu mundinho não é muito diferente do meu. O meu mundo é um pouco isolado, e eu sei disso. É propositado. Uma noite destas na Via, noite bem apinhada de gente por sinal, um tipo qualquer a tentar meter conversa pergunta-me: «Tu és um bocado tímida, não és?». Eu acho que me começei a rir. Oh amigo... tu estás-me a arrancar do meu mundo. Nele tu não existes, percebes? Naquele momento existiam outros sons, outras imagens... Eu estava perdida, mas tudo bem. Eu encontro sempre o caminho de volta. Mais ou menos como a história de Hansel & Gretel... vou deixando migalhas pelo chão e assim não perco o fio à meada.

2 comments:

ana... said...

distintos, mas não muito diferentes...

ana... said...

sim é retórica

ou tem dias em que é...