
O meu telemóvel não pára de receber mensagens. Toda a gente se lembra de toda a gente no Natal. Claro que existem sempre as mensagens estereotipadas. Por acaso têm vindo todas personalizadas. Ena!!! Tanta gente que se lembra de mim. E eu que não me lembro de metade desta gente. À medida que vão chegando carrego no botãozinho e lá vão as mesmas Boas Festas para toda a gente. Para os amigos mais próximos mandei uma foto minha com umas hastes de rena na cabeça. Éééééé… eu sou bem palhaça!!!
Boards of Canada on and on and on and on and on . Álbum fabuloso... De tanto o ouvir ainda lixo o cd. Mais vale passá-lo para MP3. «Peacock tail». Can´t stop listening to this song.
A campainha da porta não pára de tocar. Não devia o Natal ser uma altura de paz e silêncio, recolhimento e reflexão? Onde é que está o raio do silêncio?
Só com a quantidade de comida que os vizinhos trazem já estava a mesa feita. Mas não… a minha mãe berra-me do andar de baixo para eu tirar o cú da cama e me vestir para ir ao continente comprar um cacete para as rabanadas.
Vestir? Até parece que durmo nua. E pão para rabanadas? Mas os vizinhos já trouxeram 3 pratos delas. E não basta ir ali acima à padaria? Estou mesmo a ver… 2 horas no hipermercado às voltas…
A cabeça dela espreita pela porta do meu quarto: «só bebes café? Não vais comer nada? E tanta vela acesa… morreu alguém?». «Nunca se sabe… o dia ainda agora vai a meio». «E este cheiro a bruxedo?». «Não é bruxedo, é incenso, e serve para afastar visitas indesejáveis. Obviamente não resultou…».
Hoje não a consigo arreliar. Está com o voz estridente, o que significa que acordou de bem com a vida. Antes assim…
«Tens prendas novas!!!»
«Oba, oba… era mesmo um pijama que eu precisava». Se calhar há mesmo quem pense que durmo nua. E surpresa das surpresas… mais caixas de Ferrero Rocher. Mais um ponto pela originalidade. «Ambrósio… apetecia-me tomar algo…». Eu nem gosto de Ferrero Rocher. Alguém se lembra de me oferecer daqueles da Milka com recheio de morango? Um mesmo uma simples tablete de toblerone? Claro que não!!! Para esta gente eu devo ser a imagem do requinte e da sofisticação, e por isso tudo me oferece Ferrero Rocher, que como todos sabemos, satisfaz o desejo de requinte. E eu ando com desejos de requinte que é uma coisa doida. Sorriso amarelo: «Obrigado. Não era preciso incomodar-se». A sério… não era mesmo… Blá, blá, blá… o que conta é a intenção. E de boas intenções comenta-se que está o inferno a abarrotar.
E depois chega o Sr. Carlos. «Toma lá 5 euros miúda e vai comprar desses alfinetes que tu usas nos casacos…».
«Não são alfinetes Sr. Carlos. São pins. Mas agradecida. O Sr. É uma luz na minha vida».
Com um bocado de sorte esta gente abre os presentes à meia noite e depois sai toda prá festa e deixam-me aqui sozinha a ouvir Boards of Canada e a ver um qualquer file de Tim Burton (a propósito, o Corpse Bride é bem apropriado à época. E é bem romântico…). Pode ser? Agradecida…
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